PARA CIRO GOMES, REINDUSTRIALIZAÇÃO DO PAÍS É SAÍDA À CRISE POLÍTICA E ECONÔMICA BRASILEIRA

Para Ciro Gomes, reindustrialização do País é saída à crise política e econômica brasileira

Ex-governador do Ceará fez uma análise histórica do Brasil durante a abertura do Congresso Estadual da CSB em MG

“Esse País tem saída. Tem que restaurar a democracia e a força do povo”. A um público de cerca de 160 dirigentes sindicais, Ciro Gomes assegura que é possível não cometer os mesmos erros históricos para salvar o País da recente crise política e econômica. Afirmação do ex-ministro e ex-governador do Ceará foi feita durante a abertura do Congresso Estadual da CSB em Belo Horizonte, Minas Gerais, nesta terça-feira (12).

Confiante na retomada do desenvolvimento econômico e social do Brasil a partir de 2018, Ciro propôs uma viagem no tempo aos sindicalistas presentes e aos mais de 22 mil internautas que acompanharam a palestra ao vivo pelo facebook da CSB. De acordo com o palestrante, a derrocada da resposta do Brasil a uma estratégia nacional desenvolvimentista já podia ser prevista na década 1980, quando o Brasil representava 1% do comércio mundial com 130 milhões de habitantes e ainda era uma nação mais rica que a China, mas mantinha suas forças políticas focadas no fim da ditadura militar.

“O que aconteceu na prática é que em 1980 nós vínhamos de um processo que o País respondia a um plano de desenvolvimento, um terço da riqueza do Brasil era extraído da indústria – o que hoje representa apenas 8% do PIB nacional, uma regressão aos anos de 1910. Na década de 1930, vimos o Brasil sair do nada e chegar à 15ª economia mundial do planeta em 35 anos. Foi quando organizamos nossas energias políticas e haurimos um estado de ânimo que produziu um fenômeno completo: ganhamos a copa, criamos a bossa nova. Mas financiamos tudo isso com a dívida externa”, contou Ciro.

Segundo o ex-ministro da Fazenda, “na época, a idéia não era tão estúpida porque podíamos pagar a dívida em 12 anos com juros de 3% ao ano, contudo esse modelo morreu nos anos 80 com a força da bolsa de valores, investimentos a curto prazo e a evolução frenética da tecnologia”, o que levou ao que ele chama de “tragédia brasileira”: o desenvolvimento não acompanhar os avanços tecnológicos, o abandono da indústria brasileira, o ataque superficial à inflação no governo de Itamar Franco, as valorizações e desvalorizações artificiais do real durante o comando de FHC, a crença no infindável boom das commodities(produtos de origem primária, como soja) no governo Lula e o aumento da dívida pública – ponto também destacado pelo presidente da CSB Antonio Neto.

Para Neto, é necessário realizar uma cruzada contra os juros bancários, que chegam a mais de 200% no cheque especial e no cartão de crédito e contra a dívida pública, que alcançou os patamares de 42% do orçamento da União em 2015 de acordo com a Auditoria Cidadã da Dívida Pública e 48,2%, em 2017 segundo Ciro Gomes.

“Na constituinte de 1988, limitamos os juros a 12%, mas isso foi retirado da Constituição. Precisamos de um teto para que a parcela pobre possa comprar produtos com preços e facilidades que caibam no seu bolso. E este congresso, companheiros, é para isso: para darmos o recado que nós somos diferentes e sabemos trabalhar com o que temos. Hoje de manhã, no Palácio do Planalto, eu terminei meu discurso denunciando os lucros do setor bancário, que lucrou R$ 50,9 bilhões enquanto outros setores estão fechando. Tem coisa errada aqui”, questionou o presidente, corroborado pelo secretário-Geral da CSB Alvaro Egea.

Também relembrando o ato da manhã desta terça-feira, em Brasília – em que representantes dos trabalhadores e empresários reuniram-se com o presidente Michel Temer para pedir medidas de aceleração da economia e geração de emprego –, Egea destacou os lemas de independência e liberdade da Central para motivar os dirigentes sindicais à luta contra o rentismo.

Clique aqui para saber como foi a participação da CSB no encontro com Michel Temer

“A CSB enfatiza a questão da independência e da soberania nacional porque sem um projeto de nação nos tornaremos uma nação sem autoestima, um povo dominado por uma elite antinacional, antipopular. E essa independência econômica não será conquistada se não enfrentarmos a política rentista. Ficou muito claro no ato do Palácio do Planalto que é preciso enfrentar os de juros e ter como centro uma política de reativação do emprego, de industrialização, de crescimento. Este momento não é só desilusão, é um momento de levantarmos o sentimento de nação”, conclamou.

Para alcançar tais objetivos, segundo Ciro, é preciso equacionar, principalmente, o problema de o Brasil consumir um padrão industrial o qual não produz. “É necessário acabar com essa burrice de exportar petróleo bruto e importar petróleo refinado, de importar US$ 45 bilhões na área da saúde. E ainda eles querem vender o pouquinho de fertilizante que a Petrobrás produz para eles [os estrangeiros] comprarem e fechar. É preciso acabar com isso”, finalizou.

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